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Bragança2024-01-13T22:46:14+00:00

BRAGANÇA, O RECANTO MAIS LONGÍNQUO DE PORTUGAL

Bragança situa-se no extremo nordeste de Portugal, na antiga província de Trás os Montes e Alto Douro. Com efeito, é a capital do distrito mais recôndita do país, e faz fronteira com Espanha.

Assim sendo, pela sua localização e perfil montanhoso, esta é uma região que muitos portugueses desconhecem.

Situada numa zona periférica do reino de Portugal, a cidade de Bragança nasceu em 1187. Ou seja, no reinado de D. Sancho I, o segundo rei de Portugal.

A par disso, foi esta cidade que deu nome à mais importante linhagem nobre portuguesa, a Casa de Bragança. Justamente, a dinastia de reis portugueses, até Portugal se tornar uma república em 1910.

VÍDEO: Município de Bragança
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«PARA LÁ DO MARÃO, MANDAM OS QUE LÁ ESTÃO»

No título deste texto, temos um ditado popular português: «para lá do Marão, mandam os que lá estão». Justamente, o ditado traduz a visão nacional sobre as terras transmontanas. Com efeito, no extremo nordeste do país, a serra do Marão é uma espécie de muralha natural. Na prática, separa os distritos de Vila Real e Bragança do resto do país.

Assim sendo, esta é uma região marcada pela alta montanha e os acentuados declives. Nas encostas, a agricultura desce até às margens do rio Douro, que chega a Portugal vindo do país vizinho.

Com este perfil geográfico, as vias de acesso sempre foram difíceis de criar e percorrer. Em consequência, a vida das populações era marcada pelo isolamento e pela auto-suficiência. Em larga medida, graças à agricultura e à pastorícia. 

Fazendo parte da Região Demarcada do Alto Douro, a cultura da vinha é parte integrante desta paisagem. Mais do que isso, aqui se produzem os mundialmente famosos vinhos do Douro, inclusive o icónico vinho do Porto.

Efetivamente, Bragança é a cidade capital de distrito mais a nordeste, nesta região. Por esse motivo, é a cidade mais recôndita do país. Encaixando-se entre as serras da Nogueira e de Montesinho. situa-se a quase 500 quilómetros de Lisboa. Por outro lado, fica a mais de 700 quilómetros de Faro, no Algarve.

COMECE POR VISITAR O CASTELO DE BRAGANÇA

Sendo Bragança uma cidade fronteiriça, foi alvo de muitas disputas e destruições, e nem sempre tomou partido pelo lado português. Com efeito,  nestas contendas, sofreu ataques, mas também reconstruções. Apesar disso, hoje tem um dos castelos mais bem preservados do país.

No século XII, D. Sancho I fundou Bragança, em 1187, e o castelo foi erguido em terras de Dona Sancha. Ou seja, uma tia do rei, que as deixara como herança ao Mosteiro de Castro de Avelãs, ali próximo. Ou seja, Dona Sancha era irmã de Afonso Henriques, e havia sido casada com Fernão Mendes, o Braganção.

Sobranceiro ao rio Fervença, o castelo de Bragança beneficiou de um substancial reforço no início do século XV, por iniciativa de D. João I. Por essa razão, as armas do Mestre de Avis aparecem numa das faces da Torre de Menagem.

Na década de 60 do século XX, o castelo sofreu novas intervenções de relevo, à luz de achados das estruturas anteriores. Assim, viaje no tempo ao percorrer as suas muralhas com quinze torres e três portas, e suba à torre de Menagem, com 33 metros de altura. Se tem crianças, com certeza elas vão adorar, e a vista lá de cima é deslumbrante.

A par disso, no interior da Torre de Menagem, encontramos o Museu Militar, fundado em 1932 pelo coronel António José Teixeira. Sem dúvida, vale a pena entrar, até porque vê o interior autêntico de um castelo. Mais do que isso, o museu mostra peças de uso militar desde o século XII ao século XX.

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DOIS EX LIBRIS DE BRAGANÇA

Outro dos ex libris do castelo de Bragança é a Torre da Princesa, onde, segundo reza a lenda, teria estado presa uma princesa desafortunada. Lendas à parte, hoje em dia a muralha circunda o casario medieval, e alberga no seu interior a bonita igreja de Santa Maria, na Rua da Cidadela. Construída originalmente no século XIV, é a igreja mais antiga de Bragança, e também conhecida como a Igreja de Nossa Senhora do Sardão. Ao longo dos séculos, a sua requalificação deu-lhe uma aparência entre os estilos românico e barroco, ostentando uma entrada decorada com folhas de videira e cachos de uva.

Ao lado, situa-se o Domus Municipalis, que se pensa ter sido construído na primeira metade do século XV. Em estilo românico, do período medieval tardio, é um exemplar de características únicas em Portugal, com um formato pentagonal irregular e arcadas no piso superior. No interior, este invulgar edifício incorpora uma cisterna e um salão iluminado pelas janelas das arcadas, havendo a toda a volta um banco corrido. Segundo se pensa, este seria o espaço onde se realizariam as reuniões ligadas à administração local, função que manteve até ao século XIX. Depois de um período de abandono, foi restaurado nos anos 20 do século passado.

Do património arquitetónico e histórico de Bragança fazem ainda parte a Sé quinhentista, a românica Igreja de São Vicente, do século XIII, ou ainda as Igrejas de São Bento e de Santa Clara, ambas do século XVI. Como herança do século XVII, chegaram até nós a monumental Igreja de São Francisco e a Capela da Misericórdia.

INDÚSTRIA DA SEDA E MÁSCARAS IBÉRICAS

Desde há muito que Bragança assumiu o papel mais relevante entre as cidades transmontanas e, entre os séculos XV e XIX, foi mesmo um importante centro de produção e exportação de seda. No entanto, esta indústria entrou em declínio, e hoje apenas resta à cidade contar a sua história.

Para conhecer o processo de produção deste tecido nobre, visite na Casa da Seda, na Rua dos Batoques, um dos espaços da cidade que fazem parte do Centro Ciência Viva.

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A par disso, outro museu que distingue a cidade de Bragança é o Museu Ibérico da Máscara e do Traje, na Rua D. Fernão, O Bravo. Inaugurado em 2007, partilha com os visitantes as máscaras, trajes e objetos utilizados nas chamadas Festas de Inverno típicas das regiões do interior peninsular de Trás os Montes e da vizinha Zamora, em Espanha.

Coloridos e irrequietos, os Caretos são talvez a mais conhecida destas tradições. Efetivamente, ainda hoje é uma tradição bem viva. Todos os anos, no Carnaval, estas personagens de origem céltica saem à rua na aldeia de Podence, para «chocalhar» os foliões. 

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DE BRAGANÇA PARA O MUNDO

A par da sua longa história, Bragança conta com um espaço único de arte contemporânea: o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, na Rua Abílio Beça.

Justamente, Graça Morais é uma das mais proeminentes pintoras portuguesas, com obra reconhecida aquém e além fronteiras. Afinal, viveu em diferentes países e expôs o seu trabalho um pouco por todo o mundo, de Paris a São Paulo passando por Macau. Porém, nasceu numa aldeia do concelho de Vila Flor, em 1948. Por essa razão, Bragança, como capital do distrito, presta-lhe esta homenagem.

Acima de tudo, o talento de Graça Morais traduz-se em pinturas, tapeçarias de Portalegre, painéis de azulejo, cenografia, figurinos. A par disso, também fez ilustração de livros para autores de referência. Entre eles, Saramago, Alçada Batista e Sophia de Mello Breyner.

Contudo, o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais não se limita à obra da pintora. Além da exposição permanente, oferece aos visitantes outras temporárias, colóquios, atividades para os mais novos, visitas, formação e oficinas. Inclusivamente, organiza eventos que promovem a cultura judaica, que marcou uma forte presença nesta região.

O ABADE-ARQUEÓLOGO DE BAÇAL 

Se visitar Bragança, reserve ainda tempo para conhecer o antigo Paço Episcopal, na Rua Abílio Beça, onde está instalado o Museu Regional do Abade de Baçal. Criado em 1915, homenageia um homem erudito de Bragança, Francisco Manuel Alves, o abade da aldeia de Baçal, que viveu entre 1865 e 1947.

Filho de agricultores, estudou Teologia no Seminário de Bragança, tendo sido ordenado em 1889. Após um período como pároco, assumiu o cargo de abade em Baçal e, em paralelo, dedicou-se ao estudo da região. Na altura, desbravou áreas então desconhecidas, e tão diversificadas como a arqueologia, etnografia, numismática ou paleografia.

Desta forma, o abade de Baçal tornou-se uma figura ímpar do saber sobre a região transmontana. Mais do que isso, entre 1925 e 1935 teve a seu cargo a direção do museu regional de Bragança, que entretanto adotou o seu nome. Nessa qualidade, Francisco Manuel Alves foi responsável pela angariação de boa parte do espólio que hoje podemos conhecer neste espaço.

Hoje em dia, o acervo do Museu Regional do Abade de Baçal cobre a história da região desde o paleolítico, incluindo peças como achados pré-históricos e romanos, instrumentos agrícolas, mobiliário, numismática , ourivesaria ou pintura.

OS DUQUES DE BRAGANÇA

No passado, a cidade de Bragança deu nome a um dos principais ducados de Portugal. Com efeito, os duques de Bragança são uma linhagem com importância ímpar na História de Portugal. Antes de mais, o 1º Duque de Bragança foi D. Afonso, filho bastardo do rei D. João I. Ainda assim, o rei legitimou-o para que casasse, em 1401, com a mais importante herdeira do reino. Ou seja, D. Beatriz, a única filha do Condestável, D. Nuno Álvares Pereira.

Efetivamente, D. Nuno foi o segundo Condestável do reino de Portugal. Na prática, tinha a seu cargo toda a liderança militar. Ou seja, um papel fulcral na defesa do território. Por essa razão, acumulou benesses ao ponto de ser o segundo homem mais poderoso, a seguir ao rei.

De facto, o plano inicial seria que D. Beatriz casasse com o herdeiro do trono, D. Duarte. Porém, o pai da jovem preferiu casá-la com o filho bastardo do monarca. Possivelmente, teria o intuito de evitar que os seus bens se fundissem com os da coroa. Em alternativa, fundou uma casa senhorial que viria a perpetuar a sua linhagem.

Por conseguinte, para abençoar a união, o rei D. João I atribuiu a D. Afonso e D. Beatriz o título de Duques de Bragança. Deste modo, iniciava-se a mais rica e proeminente dinastia nacional.

A DINASTIA QUE SUBIU AO TRONO

Os primeiros duques de Bragança preferiram viver no norte, nomeadamente em Chaves. Contudo, os seus descendentes preferiram fundar os seus palácios em outras cidades. É o caso de Guimarães e de Vila Viçosa, no Alentejo, onde está o panteão de toda a família.

No entanto, a riqueza dos Duques de Bragança fazia sombra à dos próprios monarcas. Inclusivamente, o 3º Duque de Bragança, D. Fernando, acabou por ser degolado, em Évora, a mando do rei D. João II, que lhe confiscou os bens.

Contudo, o monarca que lhe sucedeu, D. Manuel, declarou nula a sentença, e restabeleceu a Casa de Bragança. Por conseguinte, em 1500, o 4º Duque de Bragança, D. Jaime, pôde reaver todas as propriedades e títulos.

A partir de 1640, a história desta família confunde-se com a da monarquia portuguesa, pois o 8º Duque de Bragança tornou-se o rei D. João IV. Em suma, foi o rei que restaurou a independência de Portugal, após 60 anos de domínio espanhol.

Desde então, e até ao fim da monarquia, em 1910, todos os reis de Portugal pertenceram à Casa de Bragança. Hoje, os seus bens integram uma Fundação, que administra as diversas propriedades. Designadamente, produções agrícolas, o Paço Ducal de Vila Viçosa, e os castelos de Vila Viçosa, Alter do Chão, Alvito, Ourém e Portel.

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