Mosteiro de Castro de Avelãs

UM MISTÉRIO POR DESVENDAR

A poucos quilómetros de Bragança, situa-se um dos Monumentos Nacionais mais emblemáticos do nordeste transmontano. Afinal,  o antigo mosteiro beneditino da aldeia de Castro de Avelãs é único no país, com as suas formas arredondadas em tijolo. Porém, não há certezas sobre a sua origem. Com efeito, várias fontes indicam a possibilidade de o mosteiro de Castro de Avelãs já existir ainda antes de Portugal ser um país.

«O ESTRANHO CASO DE UMA IGREJA DE TIJOLO»

Desde logo, a configuração do mosteiro de Castro de Avelãs é invulgar. De cabeceira tripartida, tem um formato semi-circular. Como se isso não bastasse, foi construída em tijolo, em vez de pedra. Sem dúvida, uma opção incomum na arquitetura medieval portuguesa ,que faz deste mosteiro um exemplar único em Portugal.

A cabeceira central, a maior das três, tem continuação na igreja, entretanto construída no século XVIII. A par disso, sofreu restauros ao longo do tempo. Com duas cabeceiras laterais mais pequenas, uma delas fica aberta para o exterior, com a ausência dos claustros, que se perderam, e que lhe dava continuidade.

Segundo escreveu o historiador de arte Paulo Almeida Fernandes, do Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto, no artigo «O estranho caso de uma igreja de tijolo», este invulgar material seria oriundo das províncias vizinhas de Zamora e Ávila. Quanto à edificação, terá ficado a cargo de artífices leoneses, especializados neste tipo de construção.

De decoração geométrica, com recurso a saliências, o conjunto arquitetónico do mosteiro de Castro de Avelãs configura o chamado estilo românico mudéjar. Nestas formas, notam-se reminiscências islâmicas. Infelizmente, aquando do seu abandono, o claustro da igreja foi destruído, restando apenas as suas bases.

Apesar de invulgar em Portugal, este tipo de arquitetura pode ser encontrado em diferentes localidades de Espanha, como Arévalo, Sahagún ou Toro. Desconhece-se, no entanto, a ligação arquitetónica entre estas localidades e Bragança, sobretudo porque não existem vestígios de presença islâmica no nordeste transmontano.

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A RELEVÂNCIA PERDIDA DE CASTRO DE AVELÃS

Situada no vale do rio Fervença, hoje em dia, Castro de Avelãs é aldeia quase desconhecida. Porém, nem sempre foi assim.

Noutros tempos, em que o país não era marcado pela centralidade de Lisboa e Porto, muitas localidades portuguesas foram protagonistas de grandes momentos da história. Ou seja, no passado, assumiram importância hoje esquecida. Entre tantos outros, Castro de Avelãs é um exemplo.

Com efeito, habitada desde tempos imemoriais, muito provavelmente foi a capital dos Zoelas. Anterior aos romanos, a presença deste povo foi comprovada numa campanha arqueológica iniciada em 2012.

A decorrer no lugar da Torre Velha, as escavações resultaram de uma parceria entre a Câmara Municipal de Bragança e a Universidade de Coimbra. Na coordenação, esteve Pedro C. Carvalho, da Faculdade de Letras daquela Universidade.

Citados por Plínio, os Zoelas seriam exímios produtores de linho, muito apreciado em Roma.

Efetivamente, o seu território era vasto e estendia-se a Espanha. Durante a época romana, a capital dos Zoelas foi, igualmente, capital de uma civitas do império de Roma.

Deste modo, em Castro de Avelãs foram encontrados testemunhos da vivência deste povo. Nomeadamente ossadas, anéis, moedas, entre outros artefactos. A par disso, graças à necrópole encontrada e à datação radiocarbónica das ossadas, os arqueólogos confirmam que o local foi habitado durante, pelo menos, mil anos. Mais precisamente, entre os anos 600 e 1100 d. C.

UM MOSTEIRO INFLUENTE

Quanto ao mosteiro de Castro de Avelãs, são várias as fontes históricas que lhe fazem referência. Ainda assim, a sua origem continua incerta. De acordo com um dos registos históricos, de 1145, D. Afonso Henriques doou o mosteiro aos monges a vila de São Jorge, entre outras terras.

Mais tarde, em 1186, um documento régio de D. Sancho I dá a entender que existe alguma pressão dos poderes locais sobre as propriedades da abadia. Mais do que isso, o rei incita-os a não tomarem quaisquer medidas contra a vontade do abade.

Um ano mais tarde, o mesmo rei, D. Sancho I, oferece ao mosteiro de Castro de Avelãs as aldeias de São Julião, Pinelo e Argoselo em troca de Bragança. Com esta troca, e através de uma carta de foral, fundou oficialmente a cidade que é hoje a sede do mais periférico distrito de Portugal.

Embora se desconheça o porquê da importância deste mosteiro, o seu papel relevante ao longo dos séculos é também confirmado por uma ilustre presença, em 1387. Efetivamente, foi o local escolhido para albergar o britânico Duque de Lencastre, escoltado pela sua comitiva, na véspera do seu encontro com o rei D. João I em Babe, nas proximidades. Seria o momento em que o Duque se despediria da filha, Filipa de Lencastre, prestes a ser rainha de Portugal.

UM MONUMENTO INVULGAR QUE VALE A PENA CONHECER

UM MONUMENTO INVULGAR QUE VALE A PENA CONHECER

Com um papel importante na região, o mosteiro de Castro de Avelãs teria mesmo, segundo os registos históricos, uma influência despótica na região de Bragança. Talvez por isso, foi extinto em 1545, por uma bula do Papa, passando o seu rico património para as mãos da Igreja.

Desde então para cá, não voltou a ser habitado por monges. Assim sendo, o edifício manteve-se num abandono relativo, ao longo dos séculos.

Numa das capelas abertas ao exterior pela ruína, quase a céu aberto, permanece o túmulo de Nuno Martins Chacim. Um senhor feudal da região. Aio do rei D. Dinis, viveu no século XII e teve a tenência das terras de Bragança.

Hoje em dia, o mosteiro não passa de uma remota atração turística, no nordeste transmontano.

Contudo, faz sentir a quem o visita a riqueza da história e das vidas que por aqui passaram.

A par disso, o mosteiro de Castro de Avelãs oferece uma visão patrimonial invulgar, que foge à regra da arquitetura portuguesa.

Por todas estas razões, se visitar a região de Bragança, inclua esta pérola transmontana no seu roteiro de visita.

 

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