Villa romana de São Cucufate, Vidigueira

A HERANÇA ROMANA EM TODO O SEU ESPLENDOR

A villa romana de São Cucufate situa-se à beira da Estrada Nacional 258, que liga a Vidigueira (a que pertence) ao Alvito. Mesmo ao virar da esquina de Vila de Frades. É o único Monumento Nacional do município da Vidigueira. A par disso, é considerado Imóvel de Utilidade Pública desde 1947.

VIAJE NO TEMPO, E ENTRE NUMA CASA RURAL ROMANA

Ao entrar na Villa Romana de São Cucufate, o visitante fica com a sensação de que este é um espaço bem cuidado. Mais do que isso, é um espaço que convida a entrar.

Lá dentro, a receção dá acesso a uma autêntica viagem no tempo. Como se isso não bastasse, no tempo mais fresco, o verde toma conta desta paisagem alentejana. Com isso, o monumento torna-se ainda mais encantador. Já agora, um alerta: o local está cheio de medronheiros por todo o lado. Se for na época em que estão maduros, cuidado porque se comer em grande quantidade, o medronho embebeda ! (Quem avisa, amigo é…)

Bom, antes de mais, foi nos anos de 1970 e 80 que decorreram as primeiras escavações em São Cucufate. Com efeito, a equipa de arqueólogos era luso-francesa. Assim sendo, incluiu nomes como Jorge Alarcão, Françoise Mayet, Róbert Etienne e Conceição Lopes.

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Se o quiser saber mais sobre as escavações, pode visitar o Museu da Casa do Arco, referente a esta villa romana. Fica mesmo ali ao lado, em Vila de Frades e alberga os achados arqueológicos encontrados aqui, em  São Cucufate.

Hoje um complexo arqueológico, esta impressionante Villa Romana tem a sua origem no século I d. C. Apesar das alterações feitas nos séculos seguintes, mantém-se em destaque a casa senhorial que aqui existiu. Na altura, geria um vasto complexo agrícola, que tirava partido das terras férteis da região. Embora com as devidas diferenças, seria um pouco à semelhança da Villa Romana de Pisões, às portas de Beja.

No entanto, São Cucufate destaca-se do restante património romano existente em Portugal, pela sua estrutura. De facto, era inovadora para a época.

UMA VILLA ROMANA COM CARACTERÍSTICAS ÚNICAS

O cartão de visita das ruínas romanas de São Cucufate são, sem dúvida, as suas monumentais arcadas. Mas elas nem sempre existiram.

De facto, o complexo residencial de São Cucufate foi significativamente reconstruído e ampliado, em dois principais momentos. O primeiro foi no século II, mantendo a estrutura clássica romana, em peristilo. Ou seja, centrava-se em torno de um ou mais pátios interiores, numa redoma de privacidade.

O segundo momento foi no século IV, quando a arquitetura adquiriu uma lógica muito mais aberta ao exterior. Esta era uma disposição invulgar nas villas romanas, com a planta a assumir a forma de um U. As fachadas foram valorizadas, um jardim estendia-se na sua entrada, e novas passagens estabeleceram ligação entre o interior e o exterior.

DOIS PISOS QUE SÃO IMAGEM DE MARCA 

Efetivamente, o facto de ter dois imponentes pisos é outro dos aspetos invulgares que distinguem a villa romana de São Cucufate.

Como vemos, parte das paredes ainda estão de pé. Deste modo, vemos como seriam antigamente. Mais do que isso, São Cucufate proporciona aos visitantes uma experiência única. Podemos subir ao primeiro andar de uma casa romana. Vai perder esta oportunidade?

Assim, quando visitar o espaço, peça um folheto informativo na receção. Com ele, poderá identificar os celeiros, o templo, as adegas, as termas e o jardim.

A par disso, procure ainda  a sala de receção aos convidados, e os aposentos privados. Tal como a varanda, ficam no piso superior. Lá de cima, temos uma vista panorâmica em redor. Possivelmente, semelhante à que os proprietários de outrora terão apereciado.

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UMA VILLA ROMANA TRANSFORMADA EM CONVENTO

Após a queda do império romano, este território foi ocupado por outras civilizações. Por isso, o espaço terá sido convertido num oratório cristão no século V. Mais tarde, durante o período muçulmano, estabeleceu-se aqui uma comunidade de frades. Sendo cristãos, tinham São Cucufate como padroeiro. Assim sendo, desde então, o nome do santo manteve-se associado ao local.

Com efeito, os frades viveram aqui até final do século XII. Hierarquicamente, dependiam do Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa. Graças a esta ocupação, os frades acabaram por contribuir para a preservação do espaço. Mais do que isso, é a eles que se devem os frescos que ainda vemos nas paredes.

Nos séculos seguintes, a antiga Villa romana manteve-se sempre ocupada, embora de forma intermitente. No século XVI, o mosteiro acabou por ser substituído por uma capela dedicada a Santiago Maior. Ao longo do tempo, a capela manteve-se ativa mas apenas até 1723, quando faleceu o último capelão.

Deste modo, as pinturas mais recentes são contemporâneas desta capela. Ou seja, do início do século XVII. Segundo consta, a sua autoria é de José de Escovar, um pintor flamengo que se estabeleceu em Évora.

O VINHO DE TALHA, UMA HERANÇA ROMANA

A par do seu passado religioso, existe outro aspeto que distingue a villa romana de São Cucufate. Com efeito, aqui se encontraram os mais antigos vestígios de produção de vinho. De facto, o modo de produção ainda hoje existe: é o chamado vinho de talha. Na prática, fermenta em grandes potes de barro, tal como os romanos faziam. Uma herança preservada por alguns produtores alentejanos, resultando em vinhos de eleição.

Um bom exemplo é a Honrado Vineyards, ali mesmo de Vila de Frades. Além de produtor, serve o vinho de talha aos clientes do afamado restaurante local País das Uvas. A par disso, dá a conhecer o seu processo de fabrico na Adega-Museu Cella Vinaria Antiqua, igualmente em Vila de Frades.

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Conforme referimos, ao longo do tempo, o complexo arquitetónico romano original sofreu transformações. No entanto, sem dúvida que consegue manter a essência que teria no final do século IV. Embora em ruínas, ainda hoje conseguimos ver e sentir a opulência daqueles tempos.

Apesar da sua imponência, invulgaridade e valor histórico, as ruínas romanas de São Cucufate são um espaço pouco conhecido dos portugueses. Por isso, se o seu roteiro de viagem incluir o Baixo Alentejo, não perca a oportunidade de visitar esta valiosa herança que os romanos nos deixaram.

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  • MORADA: EN 258, Vila de Frades, Vidigueira

  • CONTACTO: 284 437 400 s.cucufate@cultura-alentejo.pt

  • PREÇO: 2 euros. Preço sujeito a atualização.

  • HORÁRIO: Encerra à segunda feira e terça de manhã. Inverno (16 setembro – 30 abril): Ter: 14h-17h / Qua-Dom: 10h-13h | 14h-17h30. Verão (2 maio – 15 setembro): Ter: 14h30-18h30 / Qua-Dom: 10h-12h30 | 14h30-18h30.

  • ACESSIBILIDADE:  A entrada é acessível a pessoas com mobilidade reduzida, mas para chegar junto às ruínas há escadas. Para as contornar, terá de ir fora do trilho principal. Veja o vídeo que fizemos, para ter melhor noção.  

  • ATENÇÃO: Os dados apresentados podem ser alterados. Confira antes de visitar.

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