Museu da Tapeçaria de Portelegre Guy Fino

A ARTE DE TRANSFORMAR PINTURAS EM TAPEÇARIA

O Museu da Tapeçaria de Portalegre Guy Fino é simplesmente único.

Com efeito, está cheio de obras de arte de artistas internacionais. No entanto, estas obras são tecidas em fio, num ponto de tapeçaria original, que foi criado nesta cidade.

Ao longo de décadas, o ponto de Portalegre cativou artistas de renome que produziram, inclusivamente, obras originais para serem transformadas em tapeçarias. Por essa razão, o Museu da Tapeçaria de Portalegre é um museu de Arte, não apenas de Tapeçaria.

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A CIDADE QUE TECE OBRAS DE ARTE

O Museu da Tapeçaria de Portalegre data de 2001 e é uma iniciativa da Câmara Municipal de Portalegre. O número de visitantes tem vindo a aumentar, e em 2019 ultrapassou os 11 000.

Com efeito, este é um museu único no país. Mais do que isso, prova que Portugal está hoje entre os melhores produtores de tapeçaria do mundo.

Na origem deste feito está a excelente lã das ovelhas alentejanas e a arte e espírito inovador de um homem com visão.

Deste modo, as tapeçarias produzidas em Portalegre são hoje sinónimo de qualidade e renome internacional. Como se isso não bastasse, são sinónimo de arte e de artistas de renome. Afinal, o ponto de Portalegre é único no mundo.

A APOSTA NA TAPEÇARIA PORTUGUESA

Ao longo da História, Portugal sempre foi um grande importador de tapeçarias. Vinham da Flandres e a França, e cobriam os pavimentos e as paredes das casas senhoriais, palácios e castelos. Eram fontes de conforto, mas também de requinte.

Do mesmo modo, também fomos grandes produtores de lã. Contudo, ainda assim, a tecelagem não era, por tradição, uma aposta nacional.

Porém, tudo mudou no século XVIII, quando o Marquês de Pombal resolveu investir nesta indústria. Com efeito, fundou a Real Casa de Lanifícios de Portalegre.  A par disso, criou duas manufaturas de tapeçaria, em diferentes pontos do país. Assim, uma delas situava-se em Lisboa, e a outra em Tavira. No entanto, nenhuma delas vingou verdadeiramente.

De facto, só duzentos anos depois, no século XX, a tapeçaria veio a alcançar um lugar de destaque em Portugal. Mais do que isso, no mundo.

Para isso, houve uma aposta sustentada e inovadora na tapeçaria, precisamente em Portalegre. Uma aposta que daria à tapeçaria nacional renome internacional. Assim, para conhecer esta história, visite o Museu da Tapeçaria de Portalegre. Entretanto, leia o resto do artigo, para conhecer esta história de arrojo e inovação.

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O PONTO DE PORTALEGRE

Nos anos 40, um alentejano de Portalegre, Manuel do Carmo Peixeiro (1893-1964) foi estudar engenharia têxtil em Roubaix (França). Uma experiência que fez com que se encantasse pela arte da tapeçaria.

Mais do que isso, Peixeiro inventou um ponto novo, que viria a ser conhecido como «o ponto de Portalegre». A sua originalidade residia no facto de envolver o fio da teia, em vez de apenas se entrelaçar nele, como acontece com a restante tapeçaria. Uma técnica que permite trabalhar as cores de forma mais precisa, e transpor as imagens para o tecido de forma mais detalhada e fidedigna.

Contudo, o ponto ficou «na gaveta» durante duas décadas, e seria o filho de Manuel do Carmo Peixeiro, Manuel Celestino Peixeiro, a pegar na invenção do pai e a dar-lhe projeção. Contou, para isso, com a parceria do amigo Guy Fino, filho dos donos da Fábrica de Lanifícios de Portalegre.

Fotografia de Guy Fino

UMA PARCERIA INOVADORA

Com efeito, ambos os jovens conjugam a paixão pela arte dos respetivos pais com o espírito empreendedor. Assim, em 1946 criam as primeiras peças de tapeçarias murais, na Fábrica de Lanifícios. Ou seja, começaram a criar peças com o ponto de nó criado vinte anos antes por Manuel do Carmo Peixeiro.

Primeira tapeçaria «A Bela Aurora» de Júlio Pomar

Sem dúvida, o resultado destas experiências iniciais foi positivo.

Efetivamente, desde o início houve a ambição de retratar obras de pintores contemporâneos. Ou seja, traduzi-las para estas tapeçarias murais,

Deste modo, o pintor português Júlio Pomar foi um dos primeiros artistas abordados.

Nesse sentido, pretendia-se criar uma obra para ser transposta para tapeçaria. O acordo foi feito e, como resultado, em 1949, surge «A bela aurora». Uma obra de tapeçaria colorida e intrincada, que tecia o talento de Júlio Pomar

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O ESTRATAGEMA QUE COLOCOU PORTALEGRE NO MAPA DA TAPEÇARIA INTERNACIONAL

Conforme podemos hoje apreciar no Museu da Tapeçaria de Portalegre, a tapeçaria alentejana era perfeita. Efetivamente, ostentava exímia qualidade e absoluta originalidade.

No entanto, faltava assegurar a continuidade do projeto com um mercado que o suportasse. Assim, com o seu sentido empreendedor, em 1952 Guy Fino arranjou um estratagema eficaz para as dar a conhecer aos potenciais interessados.

Na altura, decorria uma exposição de tapeçaria francesa no Museu Nacional de Arte Antiga. Por essa razão, mereceu a visita de um especialista de renome da área francês, Jean Lurçat.

Do mesmo modo, marcaram presença outros tapeceiros e potenciais compradores. A par disso, a exposição contou ainda com a presença do chefe de Estado português, Oliveira Salazar.

Assim sendo, Guy Fino resolveu aproveitar a oportunidade. Com efeito, decide expor, na mesma altura, no Palácio Foz, duas das suas tapeçarias. Estas estavam destinadas ao Governo Regional da Madeira.

Após insistentes convites, Salazar acabou por aceitar fazer também uma visita àquela exposição. Em resultado, conforme o Guy Fino previra, rendeu-se à qualidade das peças portuguesas.

Efetivamente, graças a este estratagema, seguiram-se inúmeras encomendas do poder político. Destinavam-se aos mais diversos edifícios públicos, um pouco por todo o país.

Na prática, a manobra arrojada de Guy Fino surtira o resultado desejado. Ou seja, as encomendas do Estado português permitiram então às Manufaturas de Portalegre ganharem a projeção desejada. Em consequência, segue-se a internacionalização, com encomendas dos quatro cantos do mundo.

O ENGANO DO ESPECIALISTA FRANCÊS

Hoje em dia, um dos ex libris do Museu da Tapeçaria de Portalegre é a obra «Le Coq Guerrier» (1955).

Com efeito, é de um reputado tapeceiro francês Jean Lurçat (1892-1966). Ao seu lado, está uma cópia, aprimorada pelo ponto de Portalegre.

Assim, ambas estão expostas lado a lado, No fundo, desafiam o visitante a perceber as diferenças. Tanto na qualidade do ponto como na precisão da imagem.

Galos de Lurçat e de Portalegre

Aparentemente semelhantes, a tapeçaria de Portalegre é mais perfeita do que a original. De facto, como o próprio Lurçat reconheceu quando as viu, numa visita a Portugal .

 «Le Coq Guerrier» havia sido oferecida pelo artista ao casal Fino aquando de uma visita a França, e logo ali o português lhe pediu autorização para a transpor para o ponto de Portalegre.

Efetivamente, quando o francês veio a Portalegre visitar a fábrica e ver a sua peça replicada, tomou a original pela cópia e vice versa. Impressionado, reconheceu que o ponto de Portalegre permitia, de facto, produzir tapeçarias de maior qualidade e precisão.

Mais do que isso, até à sua morte, em 1966, Jean Lurçat passou a fazer tecer em Portalegre uma grande quantidade de peças. Afinal, considerava as tapeceiras de Portalegre as melhores do mundo.

Com isso, acabou também por proporcionar a ligação entre a Manufatura de Portalegre a grandes artistas de renome internacional. Felizmente, o resultado pode hoje ser apreciado no Museu da Tapeçaria de Portalegre.

GRANDES ARTISTAS RENDEM-SE AO PONTO DE PORTALEGRE

Entre muitos outros, Almada Negreiros é um dos artistas com obras retratadas pelos teares da Manufatura de Portalegre. Do mesmo modo, é um dos artistas que se renderam a esta arte única.

Com efeito, fez questão de o expressar numa carta redigida em maio de 1959. Na missiva, elogia e agradece efusivamente a Guy Fino pelo trabalho feito em três obras suas, encomendadas pelo Hotel Ritz. De facto, a carta está exposta na Manufatura de Portalegre.

A par disso, a tapeçaria de Portalegre deu vida a muitas outras obras. Por exemplo, «Vida e morte» de Eduardo Nery (1961), «Cosmos I» de António Charrua (1965) ou «Passagem no espaço» de Maria Keil (1967). Porém, também outras como «Les deux musiciens» de Le Corbusier (1967) ou «Janela» de Vieira da Silva (1968).

Com efeito, são obras que ficaram para a posteridade e que podem ser apreciadas em diversos espaços. Inclusivamente, algumas delas estão no Museu da Tapeçaria de Portalegre.

No presente, a Manufatura de Portalegre continua a pertencer à família de Guy Fino. De igual forma, continua também a laborar como antes. Ao longo dos anos, já trabalhou com mais de duzentos artistas portugueses e estrangeiros. Desse modo, acompanhou os movimentos artísticos de cada época.

Em suma, as mais de sete mil cores disponíveis produzem peças que partilham com o mundo o ponto original de Portalegre. Tal como o talento único das suas tecedeiras.

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  • Morada:  R. da Figueira 9, Portalegre

  • Horário:  Encerra à segunda feira e feriados. Verão: 9h30 – 13h00 e 14h30 – 18h00. Inverno: 9h00 – 12h30 e 13h30 – 17h00.

  • Preço:  2,10 € (2019). Descontos e isenções para diferentes públicos.

  • Acessibilidade: O Museu da Tapeçaria de Portalegre é composto por 3 pisos para visita e possui uma plataforma elevatória entre o 1º e 2º piso. Para as pessoas com incapacidade motora ou mobilidade reduzida, há acesso à quase totalidade do Museu, exceptuando a Galeria de Exposições Temporárias.

  • Contacto: 245 307 530 museu.tapecaria@cm-portalegre.pt

  • Coordenadas GPS: Latitude: 39.29244765 Longitude: -7.43291885

  • ATENÇÃO: Os dados apresentados podem, a qualquer momento, ficar desatualizados. Confira antes de visitar.

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