Loulé

UM ANIMADO CENTRO DE COMÉRCIO E CULTURA

Famosa pelo Festival Med, e pelo poeta popular António Aleixo, Loulé surpreende pela riqueza do seu património, mas também pela vivacidade do seu ambiente diário. Embora próxima de alguns dos centros turísticos mais concorridos, esta é uma cidade que preserva a sua identidade algarvia, e que ostenta com orgulho a sua história.  

LOULÉ, UMA POVOAÇÃO DESDE O TEMPO (LITERALMENTE) DAS CAVERNAS

Com efeito, na zona de Loulé conhecem-se a algumas cavidades naturais, onde os arqueólogos encontraram vestígios de ocupação humana primitiva, como é o caso do Algarão da Goldra. Nos milénios seguintes, esta região acolheu sucessivos povos e culturas, e foi assimilando as suas heranças. Designadamente, dos fenícios, cartagineses, depois dos romanos, suevos, vândalos e visigodos.

Porém, foi no período islâmico, a partir do século  VIII, que Loulé começou a tomar forma enquanto urbe, mais precisamente uma almedina, com fortificações em redor. Mais do que isso, é nesta época que radica o seu nome. Embora sem certezas, pensa-se que pode derivar de Al-‘Ulya, que remete para uma elevação topográfica, colina ou outeiro. Em alternativa, a palavra Loulé pode também derivar de Al-Olea, que designa a oliveira, árvore que já na altura seria comum nestas paragens.

Em 1249, o rei cristão D. Afonso III conquistou Loulé aos mouros, com o apoio de D. Paio Peres Correia, cavaleiro e Mestre da Ordem de Santiago de Espada.

Situando-se muito perto das luxuosas Vilamoura e Vale de Lobo, ou ainda da popular Quarteira, Loulé tem uma localização estratégica, a meio caminho entre o Sotavento e o Barlavento do Algarve.

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A NÃO PERDER EM LOULÉ

Desde logo, Loulé é palco de um emblemático festival de música do Mediterrâneo, que decorre em julho, o Festival Med. Assim sendo, é em festa que inicia o verão, mas no inverno também se anima com o tradicional Carnaval de Loulé, famoso em todo o país.

Numa visita à cidade, existem alguns locais que são imperdíveis. Antes de mais, em plena avenida principal, vai reparar logo no emblemático Mercado Municipal de Loulé, em cor avermelhada. Sendo o projeto original do final do século XIX, teve autoria do arquiteto Mota Gomes, já foi alvo de alterações mas mantém uma mistura dos estilos neo-árabe e Arte Nova. Mais do que um mercado, é hoje um símbolo da cidade.

Em torno do mercado, estende-se o centro histórico, com ruas estreitas e panos coloridos a fazer cobertura, garantindo sombra no verão algarvio.

Com efeito, vale a pena perder-se nas ruas estreitas, algumas delas cobertas por tecidos coloridos, providenciais durante o verão. Numa delas, perto da avenida principal, encontra a entrada do Castelo de Loulé. No entanto, é preciso ir com atenção, porque não é muito evidente, parece uma porta comum num dos edifícios.

Ao lado, pela vedação, vê-se o pátio do castelo de Loulé, bem recuperado e acolhedor. No interior das diferentes salas, ostenta interessantes exposições. Não apenas  de achados arqueológicos que contam a história desta região, mas também de ossadas de animais pré históricos que aqui viveram há milhões de anos. Designadamente, o motoposauro algarvensis, o fitossauro e o placodonte.

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DOS BANHOS ISLÂMICOS À FAMÍLIA BARRETO

Ainda no centro histórico de Loulé, mais precisamente na rua Garcia de Horta, situa-se o Museu Municipal de Loulé.

Concretamente, este espaço foi outrora a imponente casa senhorial da família Barreto, que teve esta propriedade nos séculos XV e XVI. Justamente, um dos seus elementos foi governador da Índia, e eram os senhores do Morgado de Quarteira, e alcaides de Loulé.

No entanto, nas fundações desta habitação, ocultava-se uma ocupação muito mais antiga, mesmo encostada à antiga muralha. Surpreendentemente, aqui se descobriu um complexo público de banhos árabes, ou hammam, do século XII.

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Efetivamente, hoje em dia, o edifício dos Banhos Islâmicos e Casa Senhorial dos Barreto mostra o que resta de ambas as estruturas do seu passado. A par disso, oferece ainda explicações esclarecedoras, e até um conjunto de aromas – sobretudo de plantas – que podemos inalar para saber a que cheiravam os banhos árabes.

O LADO RELIGIOSO DE LOULÉ

Como não podia deixar de ser, também Loulé tem as suas tradições religiosas.  Desde logo, no centro histórico da cidade encontramos a Igreja Matriz, de traça simples, mas com uma imponente torre sineira.

Na outra ponta do centro histórico, na rua Dom Paio Peres Correia, junto ao castelo, encontramos outra curiosidade histórica de Loulé. Justamente, a ermida de Nossa Senhora da Conceição, do século XVII. Em estilo barroco, tem o altar em talha dourada e paredes revestidas com azulejos. Num dos painéis, à esquerda, aparece uma rara representação católica da circuncisão de Cristo, que revela a sua origem judaica.

Ali perto, num amplo largo, um edifício corvde rosa chama a atenção: é o antigo Convento do Espírito Santo, do século XVII, que começou por ser uma casa de acolhimento para mulheres desfavorecidas. Hoje em dia, é um espaço dedicado às artes e à cultura, com um pequeno café, e no centro do claustro tem uma emblemática árvore – Araucaria – com cerca de 200 anos.

Noutro ponto da cidade, no Largo de São Francisco, está a imponente Igreja de São Francisco. Com efeito, tem origem no século XVI, foi alvo de ampliações e restauros, e hoje é a igreja paroquial de São Sebastião.

A par disso, já na saída da cidade, vale a pena parar para ver o antigo Convento de Santo António, fundado por iniciativa de Dona Leonor de Milão. Se olhar em redor, lá no alto, verá o emblemático Santuário de Nossa Senhora da Piedade, que costuma acolher peregrinos em romaria. Assim sendo, vale a pena ir até lá, seja pelo caminho de pedra pedonal, seja pela estrada que contorna o monte. Efetivamente, lá do alto temos uma vista soberba sobre Loulé, e ainda uma bonita capelinha, que antigamente recebia os devotos da Senhora da Piedade.

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