Aldeia e Ruínas Romanas de Bobadela
UMA HERANÇA ÚNICA E POUCO CONHECIDA
Perto de Oliveira do Hospital, na Região Centro, encontramos a discreta aldeia de Bobadela. Se ali passar, vai reparar em algo inesperado. À beira da estrada, um enorme arco em pedra emoldura o adro da igreja. Sem dúvida, um sinal de que vale a pena parar. Se o fizer, vai descobrir aquela que foi, em tempos, a splendidissima civitas. Uma antiga cidade romana com ligação ao resto do Império.
A SPLENDIDISSIMA CIVITAS
Hoje em dia, a aldeia de Bobadela é desconhecida pela maioria dos portugueses. No entanto, aqui encontramos um dos mais importantes complexos de ruínas romanas existentes no nosso país. Afinal, há dois mil anos, os romanos referiam-se a esta localidade como splendidissima civitas. «A cidade esplêndida».
De facto, soubemos da sua existência graças a uma vaga referência que encontrámos, e fomos à descoberta. Assim, conjugámos esta visita com uma ida ao Museu do Azeite, que fica aqui perto, e que também deve colocar no seu roteiro. Sem dúvida, valeu bem a pena, porque ambas as visitas superaram as moderadas expectativas.
Na prática, Bobadela é uma aldeia pequena. Contudo, nota-se que existe uma forte aposta na requalificação dos seus edifícios. Em particular, do seu património histórico. Afinal, desde os anos 30 que todo este complexo está classificado como Monumento Nacional. Como vemos, desde cedo se reconheceu a importância destes achados.
O ARCO MONUMENTAL QUE DAVA ACESSO AO FORUM
Assim, no adro da igreja, destaca-se o imponente arco romano. Muito invulgar, o «Arco Monumental de Bobadela» foi, logo em 1910, classificado como Imóvel de Interesse Nacional.
Deste modo, ressalta à vista a beleza deste arco em pedra trabalhada. Há dois mil anos, também ocupava um espaço de destaque, pois era o acesso nascente ao antigo Forum. Ou seja, a praça romana onde tudo se passava.
No chão, notamos que está à vista o pavimento mais antigo, que se mantém impecável. Para completar, ali ao lado, há um conjunto de blocos de granito, que adivinhamos serem também romanos.
Efetivamente, até hoje desconhece-se o nome desta civitas romana. Apenas sabemos que seria esplendorosa, graças ao seu apelido – splendidissima civitas – que chegou até nós, gravado em inscrições.
Porém, é certo que tinha um papel importante e central. Por um lado, daqui partiam vias para as principais cidades desta parte do Império. Por outro lado, a splendidissima civitas era capital administrativa de um vasto território. Na prática, estendia-se às serras da Estrela, do Açor e do Caramulo.
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EM BUSCA DA BOBADELA ROMANA
Desde logo, o património romano de Bobadela não se limita ao arco e ao adro da igreja.
Com efeito, num recanto desta bonita aldeia, encontramos o Centro de Interpretação da Bobadela Romana. Em regra, funciona de terça a sexta, das 10h00 às 18h00, e a entrada é livre.
Na entrada, deparamos com uma cabeça masculina, em mármore, um dos mais importantes achados. Pela proporção, calcula-se que a estátua completa teria cerca de 3 metros de altura. Com efeito, a cabeça foi encontrada em 1884, e sabe-se que representa um imperador romano, mas não é certo qual. Com o tempo, as feições esbateram-se. Ainda assim, as possibilidades apontam para Tibério (14 d.C. – 37 d.C.) ou Domiciano (81 d.C. – 96 d.C.).
A par disso, neste Centro Interpretativo encontramos diferentes achados arqueológicos, Mais do que isso, encontramos o passado do povo que aqui viveu desde tempos imemoriais. No que toca à época romana, o Centro apresenta o que foi possível descobrir desde o início das escavações, em 1985.
Já agora, não se esqueça de reservar 20 minutos para assistir ao vídeo que relata, com detalhe, o contexto histórico desta região. Por fim, há ainda um outro espaço cultural a visitar, junto a este centro interpretativo. É o Museu Municipal Dr. António Simões Saraiva. Além de representar uma casa do antigamente, reúne peças de arte, em particular de escultura. Fecha à terça feira.
