SANTARÉM, A CAPITAL DA ARQUITETURA GÓTICA

Em plena Região de Lisboa e Vale do Tejo. a cidade de Santarém é capital do distrito com o mesmo nome.

Por tradição, esta é uma região de lezíria, de cultivo de arroz e de criação de touros e cavalos. Mais do que isso, é uma região associada à tauromaquia na arena. Embora seja uma prática antiga, é hoje contestada por muitos. Afinal, estão em causa os direitos destes animais.

A par disso, Santarém é também conhecida pela sua arquitetura gótica. Um pouco por toda a parte, podemos vê-la em igrejas e outros monumentos. Por tudo isto e muito mais, venha connosco à descoberta da cidade de Santarém!

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UMA CIDADE NUTRIDA PELO RIO TEJO

Situada num planalto junto ao rio Tejo, Santarém está rodeada por terras férteis e bem irrigadas. Por isso, há muito que esta região produz alimentos para o resto do país. Hoje em dia, o tomate e o arroz são duas das principais culturas. Crescem nos campos alagados pelo Tejo, e pelo seu afluente Sorraia.

Assim sendo, na época medieval, o Tejo já era um acesso privilegiado a Lisboa. Afinal, é um dos maiores rios de Portugal. Por isso, servia para transportar cereais, azeite e vinho, produzidos pelos agricultores locais.

Com efeito, durante os mais de 400 anos em que ocuparam esta região, os árabes melhoraram as técnicas de cultivo. Nomeadamente, com valas de drenagem e diques para conter o rio. Deste modo, ao facilitarem a secagem dos terrenos alagados, aumentavam a rentabilização dos terrenos.

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JÓIAS DA ARQUITETURA GÓTICA PORTUGUESA

Em Santarém, encontramos vários monumentos que, por si só, fazem com que valha a pena visitar a cidade. Em particular, aqui existe o maior núcleo nacional de edifícios em estilo gótico. Justamente, na sua maioria, são edifícios religiosos.

De um modo geral, os edifícios góticos são altos, estreitos e luminosos. A par disso, destacam-se pelas abóbadas em ogiva, as rosáceas na fachada e os vitrais, que iluminam o interior. Com efeito, alguns destes edifícios são testemunhas do berço da nacionalidade portuguesa. 

De facto, é o caso da Ermida de Nossa Senhora do Monte, e ainda da Igreja de São João de Alporão, onde está instalado o Museu Distrital. A par disso, entre os edifícios góticos medievais de Santarém, conta-se ainda a Igreja de Nossa Senhora da Alcáçova, do século XII.

Do mesmo modo, no século XIII, foi construído um dos mais grandiosos monumentos do gótico mendicante de Santarém. Falamos do convento de São Francisco, fundado por D. Sancho II em 1242. No século XIV, o rei D. Fernando, que gostava muito de Santarém, melhorou o edifício. Mais do que isso, mandou criar um baixo-coro na igreja, para acolher os seus restos mortais.

Por outro lado, outro belíssimo exemplar da arquitetura gótica de Santarém é a Igreja do convento de Santa Clara. Também do século XIII, data do reinado de D. Afonso III. Por essa razão, aqui se encontra o túmulo de uma filha sua, Leonor Afonso.

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DA ODISSEIA DE ULISSES À FUNDAÇÃO DE SANTARÉM

De facto, à semelhança de outras cidades portuguesas, a ocupação humana de Santarém remonta à época pré histórica. Afinal, ao longo do tempo, diversos povos habitaram a Península Ibérica. Com efeito, aqui viveram lusitanos, fenícios, gregos, romanos, alanos, vândalos, visigodos… A partir do século VIII, chegaram os muçulmanos que, mais tarde, deram lugar aos portugueses.

Contudo, reza a lenda que o nome original de Santarém teve uma origem diferente. Segundo a lenda, Ulisses, o herói da Guerra de Tróia, terá aportado em Lisboa, na foz do Tejo, quando andava perdido em busca do caminho de casa.

Ali conheceu Calipso, filha do rei visigodo Gorgoria, e com ela teve um filho, Abidis. No entanto, o avô mandou abandonar a criança numa cesta que, contrariando a corrente, seguiu rio Tejo acima.

Assim sendo, a criança acabou por ser salva por uma loba, num local que hoje é Santarém. A mãe, Calipso, não desistiu da criança, e encontrou-a, dando à localidade o nome de Esca Abidis, que significa «o manjar de Abidis». Desta forma, com base na lenda, os romanos adaptaram a designação para Scalabis. Por essa razão, ainda hoje, os habitantes de Santarém são conhecidos como «scalabitanos».

Com efeito, Scalabis tornou-se uma importante urbe romana. Justamente, aqui passavam vias com ligação a Lisboa, Braga e Mérida, em Espanha.

Quanto à origem da palavra «Santarém», data do século VII. Em suma, deriva de Santa Irena, ou Santa Iria. Ou seja, uma religiosa de Tomar que foi assassinada e atirada ao rio Nabão, tendo o corpo vindo ter aqui, a Santarém. Assim, com a ocupação árabe, no ano 714, a cidade passou a ser designada por «Shantarin».

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PATRIMÓNIO RELIGIOSO QUE ATRAVESSA OS SÉCULOS

Um pouco mais tardia, a Ermida de Nossa Senhora da Graça, no Largo Pedro Álvares Cabral, foi construída entre os séculos XIV e XV. Sem dúvida, é um exemplar belíssimo da arquitetura gótica portuguesa. Facilmente se distingue porque, ao alto, na fachada, sobressai uma enorme rosácea.

Com efeito, a Ermida é uma obra de D. João Telo de Menezes e sua esposa, D. Guiomar de Vilalobos. Por essa razão, é o panteão desta família nobre local. Deste modo, alberga diversos túmulos, assim como a respetiva heráldica familiar. Com efeito, um dos túmulos é de D. Pedro de Menezes, o primeiro governador de Ceuta, em Marrocos. Afinal, esta praça foi um domínio português, após a conquista em 1415.

Por outro lado, sendo mais recente, a Sé Catedral de Santarém cativa a atenção dos visitantes, na Praça Sá da Bandeira. Designada como Igreja de Nossa Senhora da Conceição, a sua construção decorreu entre 1672 e 1711. Inicialmente, pertenceu à Companhia de Jesus. No entanto, em 1780, passou para o Seminário Patriarcal de Santarém.

A par disso, a Sé Catedral de Santarém é uma obra em estilo maneirista, com um imponente frontispício e dois edifícios laterais. No seu conjunto, este edifício religioso transmite uma imagem de poder e robustez.

A DESCOBRIR NA CIDADE DE SANTARÉM

SHANTARIN, A CIDADE CONQUISTADA AOS ÁRABES  NA CALADA DA NOITE

Pintura sobre a conquista de Santarém, por Roque Gameiro

Pintura sobre a conquista de Santarém, por Roque Gameiro

Um dos locais emblemáticos de Santarém é o Jardim das Portas do Sol, um vasto terreno situado num planalto, rodeado por uma antiga muralha. É a alcáçova original da cidade, ocupada pelos árabes entre os séculos VIII e XII, enquanto foram senhores deste território. No entanto, apesar das muralhas e da localização elevada, de onde se vê, em baixo, o rio Tejo a passar, Shantarin viria a ser conquistada por D. Afonso Henriques, a 15 de março de 1147, através de um plano bem engendrado.

Partindo de Coimbra no dia 12, o futuro rei de Portugal vinha acompanhado por um exército com um propósito bem definido: conquistar Shantarin aos árabes. Um homem da sua confiança, Mem Ramires, que era moçarabe, já antes tinha ido explorar o terreno e avaliar os riscos e possibilidades. Assim, na calada da noite, escalou a alta muralha ecom alguns companheiros e conseguiu a abertura dos portões, dando entrada às tropas de Afonso Henriques.

A aventura é contada numa crónica medieval intitulada De expugnatione Scalabis, de um autor anónimo, que exalta a bravura do primeiro rei português. Contudo, Afonso Henriques não só conquistou Santarém, como também viveu aqui, na alcáçova que tomara aos árabes, durante vários anos. No local, hoje o Jardim das Portas do Sol a estátua do rei português lembra aos visitantes o seu papel na história deste local, situado a meio caminho da almejada conquista seguinte: Lisboa.

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UMA VARANDA PANORÂMICA OCUPADA POR VÁRIOS POVOS

A cidade de Santarém nasceu num morro à beira do rio Tejo, no local onde hoje se situa o Jardim das Portas do Sol.

Terá começado por ser um castro, na pré história, e a ocupação manteve-se ao longo dos milénios. Aqui se encontraram achados da Idade do Bronze, e também vestígios da época romana, nomeadamente um antigo templo de devoção desconhecida, com planta quadrangular, uma cisterna do século I e ainda um tanque que fazia parte desta estrutura.

Para ajudar a compreender o património que aqui foi encontrado,foi instalado no local o Centro de Interpretação Urbiscalabis. Este espaço museológico integra uma componente multimédia e cobre a história deste local desde a pré-história até aos nossos dias.

O PATRIMÓNIO PERDIDO DE SANTARÉM 

As muralhas que cercam esta autêntica varanda panorâmica, nas Portas do Sol, substituem as anteriores e deixam ver a paisagem soberba lá em baixo. Foram reforçadas e ampliadas pelo rei D. Fernando, e ainda hoje mantêm três dos seus torreões. No entanto, a maioria das sete portas que davam acesso à alcáçova já não existem.

Na cidade de Santarém, existiu ainda uma importante judiaria, mas desta já pouco resta. A esmagadora maioria das casas onde viveram os seguidores de Moisés foram substituídas por edifícios mais modernos, em épocas em que a preservação do passado não tinha o valor que hoje lhe conferimos.

Mais do que isso, boa parte do património de Santarém acabou por abandonar a cidade, por falta de preservação. Um bom exemplo é o túmulo do rei D. Fernando, que fizera questão de ser sepultado em Santarém, em 1383. Conforme a vontade do próprio monarca, estava na igreja do convento de S. Francisco, mas em estado de abandono e vandalizado.

Joaquim Possidónio da Silva, na altura Presidente da Associação dos Arqueólogos Portugueses, visitou a cidade e conseguiu que o município lhe permitisse levar o túmulo e outros legados para o Museu do Carmo, em Lisboa, onde ainda hoje se encontram.

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