Mosteiro de Santa Maria das Júnias

UM PERCURSO NA MONTANHA, RUMO AO PASSADO

Em plena serra do Gerês, mesmo à beirinha da Galiza, situa-se a aldeia de Pitões das Júnias. Uma aldeia granítica que convida a um passeio pedestre pelas altas montanhas do Parque Natural da Peneda Gerês. Com dois excelentes motes para este passeio, dê corda às botas de caminhar e parta à descoberta do miradouro, da cascata e do antigo mosteiro de Santa Maria das Júnias.

CALCE AS BOTAS DE CAMINHADA E SIGA A PÉ PELA MONTANHA

Para visitar o Mosteiro de Santa Maria das Júnias, tome como ponto de partida a aldeia de Pitões das Júnias. Em pleno Parque Natural da Peneda Gerês, pertence ao concelho de Montalegre e ao distrito transmontano de Vila Real.

Sendo uma típica aldeia de montanha, o granito é a matéria-prima que mais se destaca na sua composição. Sem surpresa, a mesma rocha que vemos, em abundância, espalhada por toda a serra.

Com efeito, esta aldeia antiga teve origem no mosteiro. Tem como patrono São Rosendo (907-977), que andou por estas paragens algures no século X.

Siga as indicações, ou pergunte a alguém, na aldeia, qual o percurso para chegar ao mosteiro, e ponha pés ao caminho. São apenas 2 km para cada lado.

Em alta montanha, qualquer que seja a altura do ano, a paisagem é simplesmente soberba. Pelo caminho, repare-se para encontrar passadiços, um miradouro com uma vista abrangente, e uma cascata que jorra água por entre as paredes rochosas.

Se quiser conhecer melhor o percurso e o terreno, do ponto de vista geológico, consulte o Guia de Campo da autoria de Rosa Ínsua Pereira (Universidade do Minho, 2002).

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UM MOSTEIRO ISOLADO, MAS NÃO MUITO

Situado a mais de mil metros de altitude, é a 2 km da aldeia de Pitões das Júnias que vamos encontrar o mosteiro de Santa Maria das Júnias.

Encaixado num vale da Serra da Mourela, junto ao ribeiro de Campesinho, a localização isolada fazia parte do modo de vida dos monges que aqui se instalaram, possivelmente nos anos 40 do século XII.

Seguidora da regra de São Bento de Nursia, esta comunidade seguia a matriz cluniacense, à semelhança da generalidade da região vizinha da Galiza. Ou seja, o seu modo de vida replicava o estabelecido pelo mosteiro de Cluny, fundado no século X. Irradiando da Borgonha para toda a Europa ocidental, as comunidades clunicences estabeleceram-se em locais isolados como este, ideal para uma vida de recolhimento espiritual, oração e auto-subsistência.

Contudo, o isolamento do mosteiro de Santa Maria das Júnias era relativo. Afinal, o local tinha uma ligação estreita com o mosteiro galego, um pouco mais a norte, de Santa Maria de Oseira.

Por outro lado, aqui passava o caminho que seguia para Santiago de Compostela. Assim, os peregrinos faziam uma paragem no mosteiro, e muitos deixavam ofertas antes de continuarem o percurso.

Normalmente, os mosteiros e a vida que geravam serviam como um polo de atração, e foi o que aconteceu também aqui. A povoação de Pitões das Júnias, hoje uma aldeia em que a pastorícia continua a ser um modo de vida. O cultivo do centeio era outra das atividades desta comunidade, uma vez que, ao contrário de outros, este cereal é propício ao cultivo em grandes altitudes.

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BENESSES REAIS E UMA VIRAGEM NA MATRIZ RELIGIOSA

Durante muito tempo, pensou-se que o Mosteiro de Santa Maria das Júnias fosse originário do século IX. No entanto, o mais provável é que seja do século XII. A comprová-lo, existe uma inscrição gravada na face exterior da parede norte da nave da igreja. Com efeito, indica a data de 1147.

Ao longo dos séculos, o mosteiro beneficiou do poder real, nomeadamente D. Afonso III e D. Dinis. Precisamente, foi este monarca que concedeu ao mosteiro uma carta de povoamento. Desta forma, deu origem à comunidade em redor.

No século XIII, o mosteiro de Santa Maria de Pitões das Júnias ganhou um novo fôlego. Em 1248, os monges pediram autorização ao bispo de Braga para aderirem à Reforma de Cister. De facto, esta reforma partira da iniciativa de Robert de Molesme e Bernardo de Claraval. Na prática, no âmbito da Ordem Beneditina, propunha que os monges regressarem à interpretação literal da regra de S. Bento. Ou seja, uma vida simples, ligada à comunidade.

Entre as alterações, contava-se a primazia do trabalho braçal, e já não o intelectual, que até então era privilegiado no mosteiro de Cluny. Ali, os seus monges copistas dedicavam-se à produção de livros. Haviam abandonado o trabalho do campo, deixando-o a cargo dos servos não religiosos.

Em suma, a reforma de Cister propunha um respeito absoluto pela regra original de S. Bento. E foi esse modo de vida a que obedeciam os monges que habitavam o Mosteiro de Santa Maria das Júnias.

A VIDA QUE RESTA NO MOSTEIRO

Com efeito, o conjunto monástico de Santa Maria das Júnias foi habitado até à extinção das ordens religiosas, em 1834. Nessa altura, os seus bens foram nacionalizados. Em consequência, há quase 200 anos que o mosteiro está desativado, sem cumprir a sua função original.

Hoje em dia, embora esteja classificado como Monumento Nacional, o antigo mosteiro está ao abandono, e bastante deteriorado. Do esplendor de outrora, restam apenas partes dos edifícios, e algumas arcadas dos claustros.

No entanto, felizmente, a igreja é uma exceção. Ao longo do tempo, foi preservada e mantém, até hoje, o seu culto regular.

O estilo arquitetónico da igreja é do início do período românico. Assim sendo, apresenta os chamados tímpanos, aberturas para o exterior, e ainda frisos longitudinais na parte superior das paredes.

Por outro lado, todos os anos aqui se celebra, a 15 de agosto, uma festa religiosa, uma forma de manter viva a memória do passado. Igualmente nessa altura, na aldeia de Pitões das Júnias, decorre o Festival do Centeio, uma das celebrações tradicionais desta localidade. A par disso, em novembro decorre Magusto Celta, em dezembro o Mercado cultural Pitões à Mão, entre outras iniciativas ao longo do ano.

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  • MORADA: A 2 km da aldeia de Pitões das Júnias.

  • CONTACTO: Junta de Freguesia de Pitões das Júnias 276 565 021 | geral@pitoesdasjunias.com

  • PREÇO: Sem custos.

  • HORÁRIO: Espaço exterior de acesso livre. Missas na igreja, mediante consulta na aldeia.

  • ACESSIBILIDADE: Sendo o caminho irregular, pela serra, não é inteiramente acessíveil a quem tem mobilidade reduzida. 

  • ATENÇÃO: Os dados apresentados podem ser alterados. Confira antes de visitar.

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