Casa da Cidadania Salgueiro Maia

CASTELO DE VIDE HOMENAGEIA UM FILHO DA TERRA

No castelo da vila alentejana de Castelo de Vide, encontramos a Casa da Cidadania Salgueiro Maia. Com efeito, o herói de abril nasceu nesta localidade, e legou-lhe o seu vasto espólio. Talvez não saiba mas, além de capitão do Exército, Fernando Salgueiro Maia era também um colecionador. 

UMA CASA QUE CELEBRA O LEGADO DE SALGUEIRO MAIA 

Por vontade do próprio, o espólio de Salgueiro Maia foi entregue ao Município de Castelo de Vide. Por essa razão, a coleção foi alvo de musealização , e podemos agora conhecer os objetos que testemunharam a sua vida. Muitos deles, associamos claramente ao papel que teve na Revolução dos Cravos.

Antes de mais, importa realçar o espaço nobre que a autarquia escolheu para partilhar este espólio: o próprio castelo da vila. Assim, quando visitamos este bastião medieval, encontramos uma marca de modernidade nesta Casa da Cidadania Salgueiro Maia, inaugurada no verão de 2021.

Sendo uma estrutura moderna, foi possível garantir a acessibilidade física ao espaço. Desde logo, uma rampa facilita a entrada no edifício e, no interior, todo o espaço é inclusivo. Inclusivamente, além das rampas interiores, existe uma plataforma elevatória para aceder à parte mais alta da exposição.

De forma simpática, quem nos recebe sugere que a visita comece pelo auditório. Com efeito, aceitamos a proposta e sentamo-nos a ver um pequeno documentário que nos apresenta Salgueiro Maia. Nomeadamente, refere as suas origens, aqui em Castelo de Vide, mas também o seu percurso militar e familiar. Naturalmente, aborda também o seu desempenho no 25 de abril.

O CAPITÃO SEM MEDO

A 25 de abril de 1974, Salgueiro Maia entrou para a História de Portugal. Vindo de Santarém, comandou a coluna de tanques que cercaram o Quartel do Carmo, onde o Presidente do Conselho Marcelo Caetano se refugiara.

Com ele, o antigo regime da ditadura estava prestes a render-se, e a embarcar para o exílio.

Mantendo a calma,  Salgueiro Maia resistiu a pressões militares e populares, e tudo correu pacificamente. Para a posteridade, a transição para a democracia ficaria conhecida como a Revolução dos Cravos. Afinal, em vez de tiros, distribuíram-se cravos pela população.

Para Salgueiro Maia, naquele dia apenas cumprira o seu dever. Para o país, seria um herói.

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Num poema que lhe dedicou, Sophia de Mello Breyner chamou-lhe «Aquele que na hora da vitória respeitou o vencido; Aquele que deu tudo e não pediu a paga; Aquele que na hora da ganância Perdeu o apetite; Aquele que amou os outros e por isso Não colaborou com a sua ignorância ou vício; Aquele que foi «Fiel à palavra dada à ideia tida» como antes dele mas também por ele Pessoa disse.»

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O BOM FILHO À CASA TORNA

Efetivamente, este é um ditado popular bem português, e aplica-se a Fernando Salgueiro Maia, que quis ser sepultado em Castelo de Vide.

Tendo nascido aqui a 1 de julho de 1944, na prática viveu apenas os primeiros anos no Alentejo. Afinal, o pai trabalhava nos Caminhos de Ferro, e isso levou a família a viver em diferentes localidades. Assim, estudou em Tomar e depois Leiria, antes de ingressar na Academia Militar, em 1964.

Inevitavelmente, seguiu para a Guerra Colonial em 1966, com missões em Moçambique e na Guiné. Precisamente, o palco onde o espírito revolucionário despertou, o que viria a resultar na mudança do regime, em abril de 1974.

Sendo certo que a revolução de abril foi feita pelos militares e pelo povo, Salgueiro Maia deu o corpo às balas, no Terreiro do Paço, enfrentando as tropas leais ao regime. Do seu lado, tinha apenas a argumentação para convencer Marcelo Caetano a render-se, e uma granada no bolso, para qualquer eventualidade. Felizmente, não foi preciso utilizá-la.

REVOLUCIONÁRIO E COLECIONADOR

Com efeito, quando visitamos a Casa da Cidadania Salgueiro Maia, ficamos a conhecer o homem por trás do herói de abril. Neste espaço, a exposição guia-nos de forma cronológica pela sua vida.

A ilustrar o percurso de vida, temos os seus objetos pessoais. Mais do que isso, temos testemunhos da própria história de Portugal. Por exemplo, a farda e o megafone que Salgueiro Maia usou no 25 de abril.

A par disso, vemos ainda objetos da sua vida pessoal. Nomeadamente, a cédula de nascimento, o diploma da Academia Militar, fotografias da família, e ainda objetos que vieram da sua participação na Guerra Colonial.

Contudo, Salgueiro Maia era um colecionador, e aquilo que colecionava está também nesta Casa da Cidadania. Designadamente, as suas armas de fogo, ou as miniaturas de carros de combate que acumulou.

Por fim, vemos o testamento que Salgueiro Maia redigiu, em 1989, levando o seu espólio à autarquia de Castelo de Vide.

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APESAR DA GLÓRIA

Após o 25 de abril, Salgueiro Maia recusou protagonismo, honras e privilégios do governo que ajudara a instaurar. De espírito inconformista, acabou por ser alvo de alguma marginalização nas Forças Armadas.

Em suma, a sua carreira passou mais pelas burocracias desprestigiantes, do que pelos teatros de operações. Em final dos anos 80, adoeceu com cancro, cujos sintomas desvalorizou até ser demasiado tarde. Faleceu prematuramente, com apenas 47 anos, em 1992.

Em testamento, deu instruções para ser sepultado em Castelo de Vide, sem pompa nem circunstância. Neste documento, também exposto na Casa da Cidadania, ofereceu o seu espólio ao município.

Numa segunda fase, este espaço nobre, em pleno castelo, terá ainda uma loja, sala de exposições, e zona de bar e esplanada.

  • Morada:  Castelo, Castelo de Vide.

  • Horário:

    Verão (1 junho a 30 setembro): 9h15 – 12h45 | 15h15 – 17h45  Inverno (1 outubro – 31 maio): 9h15 – 12h45 , 14h15 – 16h45

    De terça a domingo; encerrado à segunda-feira.

  • Preço:  Gratuito. 

  • Acessibilidade: O edifício tem rampa na entrada e acesso ao museu.

  • Contacto: 245 908 232 ccsm@cm-castelo-vide.pt

  • Website: https://www.castelodevide.pt/2940/casa-da-cidadania-salgueiro-maia

  • ATENÇÃO: Os dados apresentados podem, a qualquer momento, ficar desatualizados. Confira antes de visitar.

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