Capela dos Ossos

UM EX LIBRIS DE ÉVORA

Na Igreja de São Francisco, em Évora, existe uma capela invulgar. Tão invulgar que atrai visitantes de todo o mundo. É a Capela dos Ossos, que nos lembra a nossa própria mortalidade.  

A CAPELA ONDE OS OSSOS NOS ESPERAM

À entrada na Capela dos Ossos, somos recebidos por uma mensagem impactante. «Nós, ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos». De facto, a frase não deixa ninguém indiferente. Afinal, lembra-nos a nossa própria mortalidade.

De aspeto invulgar, a Capela dos Ossos data do século XVII. Por essa razão, é a mais antiga de Portugal e uma das poucas da Península Ibérica.

Segundo se pensa, as ossadas que revestem a capela vieram dos enterramentos feitos no antigo convento. Afinal, as igrejas sempre foram locais de sepultura, até que uma lei de 1835 alterou esta realidade.

Deste modo, os frades franciscanos quiseram passar uma mensagem aos fiéis. A nossa mortalidade é certa, e devemos viver sob a lei de Deus.

Na Capela dos Ossos, estão expostas duas múmias, que outrora estiveram pendentes no teto. Ou seja, literalmente entre o Céu e a Terra. Uma delas, é uma criança. Contudo, desconhecem-se mais pormenores sobre quem foram estas pessoas. Ainda assim, uma investigação conseguiu apurar que ambas são do sexo feminino.

DO ANTIGO CONVENTO DE SÃO FRANCISCO, RESTA A IGREJA E POUCO MAIS

Impecavelmente arranjada por fora, a Igreja de São Francisco é um dos mais bonitos monumentos de Évora. Com efeito, esta igreja gótica foi alvo de uma grande intervenção de restauro entre 2014 e 2015. Sem dúvida, valeu a pena.

Deste modo, as suas imponentes arcadas brilham na fachada, destacando-se do frontão liso, com uma janela, lá no alto. Na lateral, há um terraço onde os visitantes podem subir, para apreciar a vista.

Apesar da imensa estrutura, a igreja de São Francisco é apenas uma parte de um antigo convento franciscano.

Com efeito, os primeiros frades franciscanos terão chegado a Évora, vindos da Galiza, no início do século XIII. Segundo fontes históricas, a população facultou-lhes o terreno e os meios para a construção do convento. Possivelmente, a sua inauguração terá sido em 1224.

Porém, do edifício original resta muito pouco. O convento, há muito que foi destruído, restando apenas o claustro. Além disso, a própria igreja foi ampliada e reconstruída no século XV.

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UM PAPEL NA HISTÓRIA DE PORTUGAL

Efetivamente, desde o século XIII que a igreja e o convento de São Francisco ocupam lugar central na vida dos eborenses. Assim sendo, neste espaço sagrado celebravam-se as diferentes cerimónias e cultos religiosos que marcavam o quotidiano da população.

Por outro lado, o convento e a igreja também eram importantes para a família real. Por um lado, aqui se instalavam, nas suas vindas a Évora. Em consequência. o complexo foi ampliado, de modo a refletir a sua importância régia.

Com efeito, as obras terão começado no reinado de Afonso V, e continuado com D. João II. Por fim, no reinado de D. Manuel, o edifício atingiu o seu pico de magnificência. De tal modo, que no século XVI era conhecido como o «Convento de Ouro».

Contudo, mais do que isso, esta igreja foi palco de importantes casamentos, que equivaliam a alianças régias. Entre eles, o casamento entre o futuro rei D. Pedro I e a nobre castelhana D. Constança Manuel. A mesma que, mais tarde, viria a ser traída pelo marido com a sua própria aia, Inês de Castro…

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DO DECLÍNIO À NOVA VIDA MODERNA

Com o abandono do Paço, o edifício perdeu boa parte do seu fulgor. Por essa razão, no século XVII, o rei Filipe II entregou-o à Ordem Terceira da Penitência de São Francisco. Assim sendo, seguiram-se novas intervenções no edifício. Possivelmente, a Capela dos Ossos foi construída nesta altura.

Contudo, em 1834, as ordens religiosas são extintas em Portugal. Inevitavelmente, o edifício entrou em declínio. De modo geral, a Igreja e a Capela dos Ossos mantiveram o seu papel na comunidade, e acabaram por ser preservadas. Posteriormente, no final do século XIX, boa parte das ruínas do convento foram vendidas em hasta pública. Assim sendo, o comprador foi um benemérito de Évora, Francisco Barahona, que veio a investir na recuperação do edifício que restava.

Ainda assim, só em 2014-15 é que uma intervenção maior veio corrigir problemas estruturais. Assim sendo, todo o espaço interior foi reestruturado, e restituído à dignidade que merece.

Hoje em dia, além da igreja e da capela, existe ainda um Núcleo Museológico. Com efeito, o seu espólio integra peças deste e de outros conventos franciscanos. A par disso, existem ainda pinturas, esculturas e objetos de ourivesaria.

Por fim, no piso de cima, encontramos ainda uma impressionante coleção de Presépios. Foi oferecida por um casal eborense, o Major General Canha da Silva e sua esposa, D. Fernanda. Com efeito, aqui encontramos presépios de todo o mundo, nas mais diversas formas e feitios. Sem dúvida, vale a pena ir lá acima. Não apenas pelos Presépios, mas também pela vista do terraço.

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