Nazaré

A VILA PISCATÓRIA DAS 7 SAIAS E DAS ONDAS MUNDIALMENTE FAMOSAS

Tradicionalmente, a Nazaré era conhecida pela praia, a pesca e as varinas com as típicas sete saias. A par disso, também pelo Santuário que atraía peregrinos de todo o país. Hoje em dia, é sobretudo famosa pelas ondas monumentais para o surf, onde se batem recordes. Antigamente, o mar agitado da Nazaré trazia a tragédia a tantas famílias. Agora, atrai veraneantes e surfistas de todo o mundo.

A VILA PISCATÓRIA ONDE SE BATEM RECORDES MUNDIAIS DE SURF

Hoje em dia, a fama da Nazaré transcende fronteiras, sobretudo por causa das ondas gigantescas que desafiam a perícia de surfistas de todo o mundo. Para esta fama internacional, contribuiu, sem dúvida, o norteamericano Garrett McNamara.

Sendo uma referência do Surf mundial, apaixonou-se pelas ondas, pela Nazaré e pelas suas gentes. Mais do que isso, deu-lhes visibilidade internacional quando, em 2011, no mar agitado da Praia do Norte, bateu o recorde mundial de maior onda surfada, com 23,77 metros de altura.

Impressionante? Sem dúvida! No entanto, este recorde mundial já foi batido, em 2017, novamente nas vagas gigantes da Nazaré. A proeza coube, desta vez, ao surfista brasileiro Rodrigo Koxa, que percorreu uma onda de 24,80 metros de altura. Mais uma vez, o «canhão da Nazaré» teve novo registo no Livro de Recordes do Guinness.

No caso de McNamara, a sua ligação com a Nazaré tem-se mantido, ao longo dos anos, e divide o tempo entre esta localidade e o Havai. Inclusivamente, quando a filha nasceu, um dos nomes com que foi batizada foi, precisamente, Nazaré. 

Garrett McNamara

“Todos os meus sonhos se tornaram realidade graças à Nazaré. Nunca é cedo ou tarde demais para encontrares a tua paixão e viveres os teus sonhos.»

Garrett McNamara

OS RETRATOS FAMOSOS DE UMA VIDA HEROICA

Hoje em dia, é o surf que faz com que a Nazaré ande nas bocas do mundo, atraindo praticantes desta modalidade dos quatro cantos do globo.

No entanto, muito antes de as ondas gigantes serem desafiadas por amantes do surf, já corria pelo mundo a vida dos pescadores e varinas da Nazaré. Em imagens ainda a preto e branco, ocultando as cores garridas da faina diária, foram retratados por fotógrafos mundialmente conhecidos, como Henri Cartier-Bresson, Stanley Kubrick ou Gérard Castello-Lopes.

Num dia a dia difícil, era necessário enfrentar o mar agitado e arriscar a vida no mar, para ganhar o sustento. Em terra, ansiosas à espera dos maridos, ficavam as varinas, vestidas com sete saias coloridas. Outras, vestiam de preto, já marcadas por uma tragédia no mar. A elas, cabia depois vender o peixe, trazido, com audácia, pelos pescadores.

Outrora, os barcos coloridos, puxados por bois, e as redes da pesca de xávega espalhadas pela areia, eram o cenário habitual na praia da Nazaré. Hoje, o cenário é menos de faina, e mais de veraneio, convívio e surf.

Mundialmente famosas, as ondas que hoje desafiam os surfistas provocaram noutros tempos, demasiadas vezes, naufrágios que toda a comunidade sentia. Eram tempos terríveis, a que a população, ainda hoje, designa como «o tempo da fome».

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O CAVALEIRO QUE QUASE CAIU DE UMA FALÉSIA

Segundo reza ainda o relato de Brito Alão, no século XII aconteceu uma peripécia no Sítio da Nazaré. O protagonista foi o cavaleiro D. Fuas Roupinho, alcaide mor do castelo de Porto de Mós.

Segundo reza a lenda, andaria à caça, a cavalo, mas deu por si prestes a cair do alto penhasco. Em aflição, invocou Nossa Senhora da Nazaré. Nesse momento, o cavalo conseguiu estacar e dar meia volta. Deste modo, cavalo e cavaleiro conseguiram salvar-se uma queda fatal no precipício.

Em agradecimento, D. Fuas Roupinho mandou construir uma pequena ermida no local. Data de 1182 e assinala esse momento. Debaixo desta Capela da Memória, ficou a gruta onde estava a santa, sendo esta trazida para a capela, na superfície.

Com efeito, ambas as histórias relatadas por Brito Alão carecem de fontes históricas que as comprovem. No entanto, o autor que as registou em livro, no século XVII, alega basear-se em documentos que encontrou no Mosteiro de Alcobaça. De igual forma, a santa de Nazaré nunca foi testada de forma científica, para se apurar a sua idade.

Assim, embora permaneçam as dúvidas, o que é certo é que, desde há muitos séculos, o Sítio da Nazaré é local de romaria religiosa. Inclusive, de reis e rainhas. Um culto religioso que se mantém até à atualidade.

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DO CULTO RELIGIOSO AO TURISMO

Com a salvação milagrosa de D. Fuas Roupinho, no século XII, a devoção a Nossa Senhora da Nazaré difundiu-se e, dois séculos mais tarde, já a capela era pequena para tanta afluência de peregrinos. Surgiu, assim, a primeira igreja no Sítio da Nazaré, em 1377, uma iniciativa do rei D. Fernando I.

Ao longo do tempo, sofreu novas intervenções e ampliações, até resultar no imponente santuário que hoje podemos visitar, cuja obra final data do século XIX.

D. João I, D. João II, D. Manuel I, D. Afonso VI foram outros monarcas que protegeram e investiram no santuário. Mais do que isso, também faziam à Nazaré peregrinações reais. Como sinal desse apoio, os selos da casa real marcam presença no interior sumptuoso do santuário.

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A opulência do espaço é também visível nos amplos revestimentos de azulejo, inclusive um monumental painel vindo da Holanda, no século XVII. A virgem negra, que terá vindo da Palestina no século VIII, tem agora a madeira desbotada, mas continua no seu recanto, no interior do Santuário, a oferecer a sua proteção a quem a procura.

DOZE SÉCULOS DE TURISMO RELIGIOSO

Ao contrário do que se possa pensar, a povoação da Nazaré não é muito antiga. A partir do século VIII, com as romarias de devoção, o Sítio, no topo da falésia, começou a ter afluência e a fixar pessoas. No entanto, até finais do século XVII, o Sítio foi a única povoação que existia na Nazaré. A povoação mais próxima situava.se mais a sul, na Pederneira.

A praia da Nazaré, em si, na parte de baixo do penhasco, só começou a ser povoada no início do século XVIII. Antes disso, os homens do mar que aqui vinham pescar eram oriundos da costa mais a norte, nomeadamente da zona de Ílhavo.

Contudo, a desafiante pesca ao largo da Nazaré viria a ter os dias contados. As políticas da União Europeia reduziram as quotas de pesca, e esta vila piscatória acabou por se virar para o turismo.

A par das pesca, a devoção religiosa existiu sempre, embora a imagem de madeira, que originou o culto na Nazaré, tenha estado em exposição em três locais diferentes. Entre o século VIII e 1182, esteve na gruta, no interior do penhasco do Sítio. A partir de 1182, passou para a capela da Memória, por iniciativa de D. Fuas Roupinho, e, finalmente, a partir de 1377, passou a estar exposta no Santuário.

Hoje em dia, a praia, a restauração e o património religioso atraem visitantes portugueses e estrangeiros. Motivos mais do que suficientes para uma visita a esta bonita vila costeira do concelho de Leiria.

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