Monte, basílica e citânia de Santa Luzia
UM MIRADOURO SOBRE A BAÍA E A CIDADE DE VIANA DO CASTELO
Assim de repente, só nos ocorre o Forte de São Filipe, sobre a baía e a cidade de Setúbal, como comparação com a vista que temos, a partir do monte de Santa Luzia. Lá em baixo, a cidade de Viana do Castelo estende-se ao longo do rio Lima, até que este desagua no oceano Atlântico. Uma visão espetacular, que nos serena o espírito e dá vontade de ficar. Assim, tranquilamente, só a apreciar a paisagem, e a sentir paz e gratidão por tamanha beleza. Há locais de cortar a respiração, em Portugal, e o Monte de Santa Luzia é um deles.
O MONTE ONDE TUDO COMEÇOU
Segundo mostram os achados arqueológicos, o monte de Santa Luzia terá sido o local habitado mais antigo das redondezas. Com efeito, não é de estranhar, dada a sua posição privilegiada. Lá do alto, temos uma vista clara que abrange tanto a terra como o mar.
Deste modo, sempre foi possível controlar quem se aproximava. Se não viesse ninguém, melhor ainda, porque a paisagem era simplesmente soberba, e até o homem primitivo, com certeza, a sabia apreciar. A ocupação deste povoado castrejo foi datada na Idade do Ferro, mais precisamente entre os séculos VII e III antes de Cristo.
Habitada, portanto, há mais de dois mil anos, a Citânia de Santa Luzia foi delimitada por três linhas de muralhas, um caminho de ronda e dois fossos.
À semelhança de outros castros do norte do país, estas medidas defensivas faziam parte da organização do espaço.
Igualmente conhecida como «a cidade velha de Santa Luzia», a sua existência é conhecida desde o século XVII. Deste modo, é um dos povoados primitivos que há mais tempo se conhecem em Portugal. No entanto, as primeiras escavações foram realizadas apenas no século XIX, em 1876, e estiveram a cargo de Possidónio da Silva. Reconhecido defensor do património nacional, era, na altura, presidente da Real Associação dos Architectos Civis e Archeologos Portuguezes.
Ainda assim, só mais tarde, em 1902, é que a Citânia de Santa Luzia foi devidamente estudada, pelo investigador Albano Belino.
VISITE A CITÂNIA DE SANTA LUZIA
O antigo povoado castrejo, onde habitaram os mais antigos povoadores destas redondezas, situa-se na encosta do Monte de Santa Luzia, bem perto da Basílica, e aguarda uma visita sua.
Para começar, recomendamos que entre no centro de interpretação e conheça as linhas gerais do que vai ver no terreno. Poderá, inclusivamente, perceber melhor o passado deste local, bem como a organização do espaço, através de um pequeno filme explicativo.
O espaço conta ainda com uma loja, de onde pode levar uns souvenirs. A par disso, se quiser, pode pedir uma visita guiada.
Conforme poderá observar no terreno, as habitações deste antigo povoamento tinham um formato circular e estavam separadas por muros. Existiam também ruas, algumas delas pavimentadas.
Em cada casa, não podia faltar uma lareira arcaica, tanto para o aquecimento como para cozinhar os alimentos. Em regra, o pavimento interior era o próprio solo, muitas vezes aproveitando as lajes do terreno.
Hoje em dia, este povoado castrejo está aberto ao público, e dá aos visitantes todas as condições para que o conheçam devidamente. O horário habitual é das 10h00 às 18h00, entre terça feira e domingo.
AINDA NÃO MARCOU AS PRÓXIMAS FÉRIAS?
UM SANTUÁRIO INCONFUNDÍVEL COM UM MILHÃO DE VISITANTES POR ANO
A cidade de Viana do Castelo situa-se numa bonita baía, onde o rio Lima desagua no mar. Num monte sobranceiro à cidade, ergue-se a Basílica de Santa Luzia, um dos mais bonitos miradouros do país.
Neste monte, também chamado de Santa Luzia, a basílica começou a ser construída em 1904. Um projeto do arquiteto Ventura Terra.
Para chegar lá acima, tem várias opções. Se tiver boas pernas, suba a pé os 659 degraus. Caso contrário, pode ir comodamente de carro, ou então apanhar o funicular. Com efeito, este parte do centro da cidade e leva sete minutos até ao topo.
Imponente e robusta, a Basílica de Santa Luzia é, ao mesmo tempo, delicada e harmoniosa, graças ao granito cinzelado que a compõe. Se já visitou Paris, consegue adivinhar qual o edifício que inspirou esta construção? Sem surpresas, porque as parecenças são muitas, foi o Sacré Coeur, pois claro.
A 13 de dezembro, celebra-se aqui a memória litúrgica de Santa Luzia. Padroeira dos Oftalmologistas por ser cega, Lúcia de Siracusa foi uma jovem italiana do século III perseguida, condenada, torturada e morta por ser seguidora de Cristo.
VÀ À MISSA OU FAÇA UM PIQUENIQUE
No entanto, este espaço, dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, não se limita a ser um dos mais bonitos monumentos nacionais. Sendo um Santuário, tem uma vida religiosa ativa, com celebrações regulares, por vezes animadas pelo toque do seu carrilhão, de 26 sinos. As missas realizam-se às 18h00 entre terça e sexta feira, e às 11h00 e 16h00 ao domingo.
Mais do que isso, a Basílica de Santa Luzia motiva a peregrinação de vianenses devotos, que desde a pandemia pneumónica de 1918 aqui acorrem a agradecer bênçãos. A data escolhida para esta peregrinação, uma das muitas de Viana do Castelo, é um domingo de junho, próximo do Sagrado Coração de Jesus.
Considerada um ex libris de Viana do Castelo, entre os elementos decorativos mais emblemáticos do Templo de Santa Luzia contam-se as duas enormes rosáceas na fachada, as maiores da Península Ibérica. A cúpula central do monumento é rodeado por quatro torres, também elas coroadas com pequenas cúpulas.
A par da devoção religiosa, o espaço convida, igualmente, a passeios no Jardim das Tílias e a piqueniques no parque de merendas. Para uma vista ainda mais esplendorosa, suba ao zimbório, e guarde na memória uma paisagem inesquecível.
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