Santuário do Cabo Espichel

NATUREZA, RELIGIÃO, TRILHOS PEDESTRES E DE DINOSSAUROS 

Segundo reza a lenda, a imagem de Nossa Senhora apareceu neste promontório em 1410. Mais precisamente, no local onde hoje se encontra a  Ermida da Memória, nas traseiras do recinto. Na sequência da aparição, em 1432 formou-se a Confraria de Nossa Senhora do Cabo. 

Mais de 600 anos depois, o culto religioso mantém-se, mas o Cabo Espichel atrai visitantes por outros motivos. Desde logo, o complexo religioso é hoje bastante grande. A par disso, os visitantes vêm também pelas impressionante paisagem em redor, com escarpas que se precipitam sobre o mar. Em algumas delas, subsistem pegadas de dinossauros com mais de cem milhões de anos.

Por outro lado, no ponto mais ocidental, ergue-se um imponente farol, que orienta o tráfego marítimo e, como se tudo isto não bastasse, toda a envolvente é área protegida, e convida a seguir um percurso pedestre ou de bicicleta.   

Resumo do Trilho Mistura das Águas

A NATUREZA EM TODO O SEU ESPLENDOR

Em todo o Cabo Espichel, estamos rodeados pela natureza, com o mar à nossa volta. Afinal, estamos num dos cabos mais ocidentais de Portugal, e em pleno Parque Natural da Arrábida.  Assim sendo, não podia faltar um farol, ali bem próximo do santuário, nas tradicionais riscas vermelhas e brancas.

Com efeito, é impossível vir ao Cabo Espichel sem ser tentado a caminhar. Desde logo, há que percorrer o recinto do Santuário, e beber um café ou comer alguma coisa na cafetaria ou nas caravanas do parque de estacionamento.

Depois disso, surge a tentação de ir espreitar o mar, mesmo ali atrás e, logo aí, damos de caras com a bonita Ermida da Memória.

Em seguida, das duas uma: ou seguimos rumo ao farol e aos edifícios abandonados um pouco mais ao fundo, ou vamos para o lado oposto, onde só existe natureza. Mais do que isso, existem pegadas de dinossauros e uma pequena praia que exige boas pernas para lá chegar.

Para os mais afoitos, há uma terceira opção, que é fazer uma caminhada, no trilho assinalado. Em alternativa, se estiver para aí virado, siga o percurso que já percorremos no terreno, com cerca de 12 km, e que partilhamos consigo neste ficheiro GPX. Além de ser um trilho circular, é fácil de encurtar, fazendo um corta mato em qualquer momento.

600 ANOS DE DEVOÇÃO

Justamente, a Ermida da Memória, com o seu teto em arabesco, é a estrutura edificada mais antiga do Santuário de Nossa Senhora do Cabo. Ao longo de séculos, a afluência de crentes cresceu para um complexo que inclui a igreja, os alojamentos para peregrinos, nas laterais, e ainda a Casa da Água, abastecida por um aqueduto. A par disso, a antiga Casa da Ópera, ao lado da atual cafetaria, acabou por entrar em declínio e está em ruínas.

Com efeito, a construção deste complexo religioso decorreu ao longo do século XVIII, para dar resposta à afluência de devotos de Nossa Senhora do Cabo.

Hoje em dia, é verdade que a maior parte dos visitantes não vêm para rezar, mas sim para passear. Ainda assim, a igreja mantém as portas abertas e acolhe celebrações religiosas e festas, com alguma regularidade.

Ali ao lado, também o farol é um ponto de romaria. Apesar do bom aspeto, é um dos mais antigos do país, de 1790. Com efeito, integrava a rede original de faróis que o Marquês de Pombal mandou construir, para (finalmente) evitar os recorrentes naufrágios na costa portuguesa.

NA PEUGADA DOS DINOSSAUROS 

A par da paisagem inóspita, onde a vegetação se mantém rasteira, as formações geológicas são outro dos atrativos do Cabo Espichel.

Em particular, aquelas rochas onde os dinossauros deixaram pegadas, há milhões de anos. Justamente, o trilho que está assinalado no terreno chama-se «Pedra da Mua». Precisamente, o nome da laje inclinada que serve de base ao promontório onde está o complexo religioso. No terreno, vê logo qual é, muito lisa em direção à pequena praia dos Lagosteiros.

Se olhar com atenção, com olho de lince ou (melhor ainda) binóculos, verá o trilho de pegadas na rocha, ali deixadas há 145 milhões de anos por uma manada de dinossauros. Segundo os especialistas apuraram, eram terópodes (bípedes e carnívoros) e saurópodes (herbívoros). Um deles, ao que tudo indica, a coxear.

Além da Pedra da Mua, ali bem perto há uma outra zona com pegadas, na arriba norte da praia dos Lagosteiros. Umas placas e um passadiço de madeira tentam orientar os visitantes, embora as indicações não sejam tao claras como seria de esperar.

Já agora, importa referir que as rochas e escarpas que hoje vemos no Cabo Espichel eram, nessa altura, zonas planas, à beira da água. A formação atual resulta de um encontro de placas tectónicas que resultou no atual planalto, e nas rochas com inclinações acentuadas.

No seu conjunto, este Monumento Natural é também um geosítio rico em fósseis, e um olhar mais atento permite distingui-los mesmo no solo, ao longo do trilho. Com todos estes motivos, do que está à espera para uma (nova) visita a Sesimbra e ao Cabo Espichel?

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NUNCA É DEMAIS LEMBRAR:

Como diz o ditado, «quem vai ao mar, avia-se em terra». Assim, quer seja caminheiro habitual ou estreante, já deve saber que caminhar na natureza exige certos cuidados. Por isso, precisa de material adequado e de requisitos básicos.

Assim, tenha sempre os seguintes cuidados:

  • Antes de mais, não vá caminhar sozinho, muito menos em alta montanha. De preferência, junte-se a um grupo experiente. Afinal, pode torcer um pé ou pior. Não arrisque, porque os azares não acontecem só aos outros. Pode ficar sem bateria para chamar ajuda ou, num local inóspito, nem ter rede de telemóvel.
  • Calce boas meias de algodão grosso, e botas de caminhada. De preferência já usadas, para ter a certeza de que são confortáveis e não lhe magoam os pés.
  • Naturalmente, o protetor solar é sempre obrigatório. Assim como um chapéu.
  • Dentro da mochila, tenha pelo menos um litro e meio de água, e alguma comida energética. Fruta, frutos secos, barritas, sandes…
  • Nos dias mais frescos, leve consigo um impermeável. Se estiver no verão, dá jeito uma camisola que proteja a pele de um escaldão.
  • Siga o trilho GPX ou, nos PR oficiais, as marcas no terreno.
  • Não faça barulho. Oiça a natureza e desfrute da harmonia que ela lhe traz.
  • Respeite a natureza e não leve nada para casa a não ser fotografias e boas memórias.
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Altimetria Trilho Cabo Espichel

PÉS AO CAMINHO

Folheto Oficial: não disponível.

Trilho Cabo Espichel (formato GPX).

OBS: Embora tenhamos seguido este trilho, pode ter havido eventuais alterações no terreno.

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